Francês Hubert Tézenas lança 'O ouro de Quipapá' no Rio de Janeiro em duas oportunidades


Autor de romance policial que se passa no Brasil está no país para lançar obra originalmente publicada na França. Ele participa do Café Literário na Biblioteca do Parque Estadual (4 de novembro) e de mesa-redonda com Alberto Mussa na Livraria Travessa Leblon (5 de novembro).
Um país cheio de contradições, onde a violência social predomina e as forças antagônicas se enfrentam brutalmente. Um romance que joga luz crua sobre esse cenário. E um autor que, segundo o escritor Alberto Mussa, “se insere na velha e longa linhagem de intelectuais e artistas franceses que ousam enfrentar o enigma brasileiro”. Assim é definido O ouro de Quipapá, do francês Hubert Tézenas, lançado originalmente na França pela Les Éditions L’Ecailler, com o título de "L’or de Quipapá", e que chega agora ao Brasil na tradução de Fernando Scheibe, pela Editora Vestígio, especializada em romances policiais.
A obra inaugura uma nova linha editorial da casa, em que a qualidade da narrativa se evidencia à medida que a trama é tecida diante do leitor. O crime é apenas um dos temas deste romance excepcional, que vai muito além do policial, configurando-se como uma crítica social implacável a uma sociedade na qual a verdade tem pouco espaço, e a honestidade, valor meramente opcional, não resiste aos poderosos.
Tézenas viveu durante oito anos no Brasil, na década de 1990. “Não buscava nada em particular, a não ser esquecer uma decepção amorosa, ter uma vida mais aventureira e encontrar pessoas diferentes. E foi quase por acaso que acabei morando em Pernambuco”, revelou em entrevista ao Jornal do Comércio, por ocasião do lançamento de sua tradução para o francês do primeiro romance de Raimundo Carrero, A história de Bernarda Soledade. “Esses anos em Pernambuco foram, para mim, uma experiência decisiva, inesquecível. Em termos de bondade, paixão, mentira e violência, tenho a impressão de saber agora do que o ser humano é capaz”, comenta sobre sua experiência no Brasil.
No romance, um homem comum, corretor de imóveis, é testemunha de um crime no escaldante e abafado outono nordestino de Recife, em 1987. Alberico Cruz, antes principal suspeito, torna-se o culpado ideal. Acusado de assassinar Teotônio de Jesus Policarpo, um sindicalista, o anti-herói se vê brutalmente lançado no inferno da prisão. Sua luta pela sobrevivência o introduz em um mundo de violência do qual nada conhece: o mundo dos senhores da cana-de-açúcar, às portas do sertão pernambucano.
É nesse mundo que outro enredo se desenrola. Kelbian, filho do dono de uma das maiores destilarias do Nordeste, da família Carvalho, tem um meio-irmão chamado Tiago. Em uma conversa, Tiago fala sobre a velha mina do Alemão, que se encontra em suas terras. Kelbian então traz um geólogo de São Paulo para analisar o terreno. As conclusões são categóricas: ouro tem, só precisa cavar. Para que nada fosse descoberto e tudo acontecesse da maneira mais rápida possível, os irmãos mantêm os empregados em regime de trabalho escravo, sem nenhuma liberdade. Tudo começa a vir à tona com as investigações sobre a morte do sindicalista, revelando um universo infausto, gangrenado pela corrupção.
Tézenas utiliza o assassinato do líder sindical, ou seja, o mote do romance policial, como meio de descrever a incrível dureza da vida dos cortadores de cana pernambucanos da época, por meio de uma escrita sóbria e forte. “A situação me parecia muito sombria: um país fechado, um sistema latifundiário completamente arcaico e bloqueado, os militares ainda nos bastidores do poder”, relata.
“O leitor acompanhará o livro com grande paixão pela qualidade das palavras, pelo envolvimento da história, pelos personagens tão bem construídos quanto vivos e atuantes. Isto mesmo, quem estiver lendo esse romance se sentirá atraído por um grande sonho, vivendo todas as circunstâncias e situações”, observa o escritor Raimundo Carrero. Segundo ele, "Hubert Tézenas não é apenas um autor de romance policial. É, sobretudo, um grande autor, com tratamento artístico, do texto e dos personagens".
Para Edney Silvestre, “com seu conhecimento e afeto pelo ‘Brasil profundo’, o tradutor de meus livros para o francês mostra ser, ele mesmo, um escritor com recursos maduros, aqui amparados em uma trama engenhosa e surpreendente”. Alberto Mussa completa: “Garanto que o leitor se sentirá em casa”.
A primeira versão da obra foi escrita em apenas três semanas, em 1991, entre Recife e Palmares. “Perdi o manuscrito, me dediquei à tradução e só reencontrei o texto 17 anos depois, em 2008. Vi logo os defeitos e refiz tudo”, comenta o autor. Após 12 anos longe do Brasil, Tézenas retorna ao país para lançar a obra em várias cidades (confira a seguir sua programação).
Hubert Tézenas
Sobre o autor – Hubert Tézenas traduziu para o francês importantes autores brasileiros, como Edney Silvestre, Raimundo Carrero e Alberto Mussa. Este é seu primeiro romance, ambientado no Brasil com perfeição devida aos anos que aqui viveu.

Lançamentos no Rio de Janeiro


TERÇA-FEIRA - 04/11/2014 - 19h
Café Literário, lançamento do livro e noite de autógrafos
Local: Biblioteca do Parque Estadual
Av. Presidente Vargas, 1261  - Rio de Janeiro (RJ)
QUARTA-FEIRA - 05/11/2014 - 19h
Mesa-redonda com Alberto Mussa, lançamento do livro e noite de autógrafos
Local: Livraria Travessa Shopping Leblon
Av. Afrânio de Melo Franco, 290 - loja 205 A - Rio de Janeiro (RJ)
TítuloO ouro de QuipapáAutor: Hubert Tézenas
Tradução: Fernando Scheibe
Número de páginas: 176
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 34,00
ISBN: 978-85-8286-093-9

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Boletim Sesacre desta quarta, 29, sobre o coronavírus

Gestão de Gladson Cameli encerra 2021 com grandes avanços na Educação, Saúde, Segurança e Infraestrutura

Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa da Polícia Civil do Pará intensifica ações e aproxima a população de seus serviços